Num ano em que assinala 23 anos de magistratura, 12 dos quais na qualidade de Presidente do Conselho Administrativo do Cofre dos Tribunais (CAC), a Veneranda Matilde Augusto Monjane Maltez de Almeida foi em Setembro último distinguida pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi, com o título de “Mérito no Trabalho”, em reconhecimento do trabalho que o Cofre dos Tribunais tem estado a desenvolver em prol do sector jurisdicional, em particular na construção de tribunais judiciais condignos em todo o país.

Reagindo às felicitações, na sequência do facto, a Presidente do CAC fez algumas revelações curiosas em torno do seu percurso, lembrando-se de algumas individualidades que directa ou indirectamente a influenciaram a abraçar e a construir a carreira de magistratura em Moçambique.
“Não saberei iniciar a minha intervenção sem recuar para o ano de 1996, quando terminei a minha Licenciatura em Direito. De férias, em Moçambique (na altura vivia em Portugal) tive o privilégio de conhecer o Venerando Mário Mangaze, então Presidente do Tribunal Supremo, num evento da minha família. Foi numa altura em que o Tribunal Supremo estava em processo de aliciamento de magistrados ou quadros para ingressar na magistratura. Desse período, guardo na memória uma resposta que teria sido a mais difícil para o Venerando Mário Mangaze, de dizer-me, quando questionei, qual seria o meu salário. Era um tema muito difícil de abordar por parte do então Presidente do Tribunal Supremo, mas como tinha de responder, então disse-me que “o salário do juiz está indexado ao salário de director nacional” que era, na altura, de cinco mil meticais. Esse era o salário dos magistrados em 1996, no período que eu recebi o convite de viver em Moçambique”, salienta a veneranda enaltecendo a visão que o então Presidente do TS, Mário Mangaze, tinha em relação ao sistema judiciário, com enfoque para o sonho de empoderamento de mulheres juízas para ocupar cargos de direcção nos diversos níveis do Sistema, bem assim como o sonho de abertura do Centro de Formação Jurídica e Judiciária na Matola, que veio a se concretizar em 2001.

Em 2012 foi promovida a Juíza Conselheira do Tribunal Supremo e cinco dias depois, por Comissão de Trabalho, foi nomeada para assumir a presidência do Conselho Administrativo do Cofre dos Tribunais. Foi determinante a acção do então Presidente do Tribunal Supremo, Venerando Ozias Pondja, a quem fez uma dedicatória pela confiança em si depositada: “Obrigada ao Venerando Ozias Pondja, pela confiança”.
O mesmo reconhecimento foi feito ao actual Presidente do Tribunal Supremo, Venerando Adelino Manuel Muchanga: “Venerando Presidente do Tribunal Supremo, Dr. Adelino Manuel Muchanga, agradeço penhoradamente pela sua reiterada confiança e incansável apoio”.
“Ao Venerando Mário Mangaze, Venerando Ozias Pondja e Venerando Adelino Manuel Muchanga, vós sois os meus mentores” reconheceu.


