“Cinquenta anos construindo o Poder Judicial: Nova Era, Novos Desafios” – é o lema escolhido pelo Tribunal Supremo para assinar a abertura solene do ano judicial 2025, um evento que teve lugar na manhã de hoje, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, na Cidade de Maputo. O acontecimento realiza-se, sempre, no primeiro dia útil do mês de Fevereiro e marca o início das actividades do sector da Justiça. Orientou a cerimónia o Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, na qualidade de Alto Magistrado da Nação moçambicana. No início da sua intervenção, o Chefe de Estado congratulou-se com o lema escolhido “Nova Era, Novos Desafios”, por coincidir com o espírito que guia a nova governação em Moçambique. Por outro lado, o Presidente da República manifestou solidariedade ao Sistema de Administração da Justiça que, na sequência das manifestações violentas, no contexto da crise pós-eleitoral que tem assolado o país, viu as suas infraestruturas vandalizadas pelos manifestantes. A destruição de edifícios de tribunais foi considerada pelo Presidente da República como um grande retrocesso no acesso da população à justiça. Daniel Chapo que se referiu também à destruição de bens públicos e privados disse que este facto fez com que Moçambique regredisse em muitos anos, chamando por isso à consciência de todos os moçambicanos para a necessidade da convivência harmoniosa. O Mais Alto Magistrado da Nação falou, também, durante a cerimónia sobre vários outros assuntos, dentre os quais o combate ao crime organizado, raptos, branqueamento de capitais, corrupção e outros crimes conexos, para além da necessidade de humanização das cadeias, das penas alternativas e introdução da pulseira eletrónica como forma de descongestionar os estabelecimentos penitenciários. A independência do Poder Judicial mereceu, igualmente, a atenção do Chefe do Estado que convidou o Judiciário a se juntar ao processo de revisão do Pacote Eleitoral defendido pelos moçambicanos amantes da paz, harmonia e estabilidade social, política e económica. Durante a cerimónia houve outras intervenções, nomeadamente do Bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Dr. Carlos Joaquim Nogueira Martins que centrou o seu discurso nas consequências da grave crise pós-eleitoral que segundo ele, deixou feridas bastante profundas no tecido social moçambicano, tendo sugerido a necessidade de conferir mudanças no sistema político. A segunda intervenção foi do Digníssimo Procurador-Geral da República, Dr. Américo Julião Letela, recentemente nomeado para o cargo, em substituição da Dra. Beatriz Buchili. No seu discurso, o digno magistrado referiu-se também à crise pós-eleitoral revelando que na sequência foram instaurados 651 processos. Para o magistrado, não se pode permitir que em todos os processos eleitorais haja crispações decorrentes de insatisfações. Daí ter sublinhado a necessidade da revisão da Legislação Eleitoral. Dentre vários outros assuntos que abordou, o Procurador-Geral da República fez menção à sofisticação do crime organizado, justiça mais acessível ao cidadão e à digitalização processual como grandes desafios. A anteceder o Chefe do Estado, interveio o Venerando Presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga, que sublinhou os avanços significativos registados no Sistema de Administração da Justiça, no rácio do juiz por 100 mil habitantes. (Mais desenvolvimento sobre este assunto nas nossas próximas edições). Durante a sua intervenção, o Venerando Presidente do Tribunal Supremo abordou vários outros assuntos, dentre os quais a revisão da Legislação Eleitoral, a Iniciativa Presidencial (do Presidente Filipe Nyusi) “Um Distrito, Um Edifício Condigno para o Tribunal”, cujas infraestruturas não só conferem dignidade aos magistrados como proporcionam ao cidadão mais acesso à Justiça. Na sequência, explicou que 163 tribunais de distrito se encontram, actualmente, em funcionamento. Muchanga falou também das necessárias reformas no Sector da Justiça, das conquistas que haviam sido alcançadas pelos magistrados, mas que no contexto da introdução da Tabela Salarial Única (TSU) lhes foram retiradas. Entretanto, a cerimónia bastante concorrida reuniu representantes do Poder Judicial, legislativo e executivo, para além de convidados de outros sectores de actividade e do corpo diplomático. O Cofre dos Tribunais foi representado, nesta cerimónia, ao mais alto nível, pela Veneranda Presidente, Matilde Augusto Monjane Maltez de Almeida. Estiveram também alguns funcionários da sua instituição.