Presidente Nyusi no balanço sobre a iniciativa: “Assumimos o compromisso de enfrentar os desafios de assegurar melhor e maior acesso à justiça”
Naquilo que foi a derradeira intervenção pública no que respeita às inaugurações de tribunais, o Chefe do Estado, Jacinto Filipe Nyusi, patrono da iniciativa “Um distrito, um edifício condigno para o tribunal” sublinhou que o projecto de implementação de novos edifícios para o judiciário foi fundamental para dar maior e melhor acesso à justiça aos moçambicanos. O Estadista moçambicano considera esta acção bastante positiva ao avaliar pelo número de novos tribunais construídos, em número de cinquenta e um, muitos deles acompanhados pelas respectivas residências para os magistrados judiciais e do ministério público, e o seu impacto junto dos distritos implantados. Paralelamente, o Presidente da República vincou o facto de o legado ora deixado simbolizar, não apenas a materialização de uma iniciativa bem-sucedida, mas igualmente a colaboração entre os órgãos do Estado e o cidadão comum. Filipe Nyusi pronunciou-se desta forma à margem da cerimónia de inauguração, esta quarta-feira, do novo edifício do Tribunal Superior de Recurso de Nampula, vinculado à zona norte do país. Nesta sua despedida, o Presidente da República saudou todos os actores directa e indirectamente envolvidos neste projecto, com destaque para os Presidentes do Tribunal Supremo e o Cofre dos Tribunais, Venerando Adelino Manuel Muchanga e Veneranda Matilde Augusto Monjane Maltez de Almeida, respectiva. Na sua intervenção, Filipe Jacinto Nyusi, lembrou o percurso da iniciativa e a necessidade de prosseguir a sua implementação. “Tudo começa quando nos preparávamos para assumir a chefia do Estado. Procurámos compreender as principais preocupações do nosso povo. Da interacção que tivemos em vários pontos do nosso país, constatámos que parte das frustrações estava relacionada com o funcionamento da justiça, nomeadamente, as limitações no acesso físico, económico, linguístico e cultural e com a sua ineficiência. Mas também reinava a frustração no seio do capital humano deste sector da justiça e, perante essas frustrações, quando assumimos a chefia do Estado não nos limitámos a exigir soluções das instituições da justiça como responsáveis pelo correcto funcionamento dos órgãos do Estado, sobretudo por termos a consciência de que a descentralização não é efectiva. Nós como órgão executivo (o Governo) decidimos fazer parte da solução com o nosso modelo de governação. Por isso, no âmbito das nossas atribuições constitucionais e legais, assumimos o compromisso de, junto com o judiciário, de enfrentar os desafios de assegurar melhor e maior acesso à justiça, estimulando a sua eficiência através de infra-estruturas condignas e próximas do cidadão” explicou lembrando os contornos da implementação da iniciativa. “Foi neste contexto que no dia 07 de Agosto de 2020, no âmbito da nossa visita presidencial à província de Gaza, partilhámos a nossa visão para este sector de domínio das infra-estruturas a que denominámos “Um distrito, um edifício condigno para o tribunal”. Na altura do anúncio da iniciativa, vinte e três distritos do nosso país não tinham tribunais a funcionar. E onde existiam, as infra-estruturas não dignificavam o acesso à justiça. Por um lado e por outro, não ofereciam condições de trabalho adequado aos operadores judiciais. Nove meses depois, isto é, no dia 05 de Maio de 2021, procedemos ao lançamento oficial da iniciativa com o lançamento da primeira pedra para a construção do tribunal judicial de Infulene, na província de Maputo. Podem imaginar a indignação quando me foi reportado que o tribunal judicial de Infulene foi vandalizado e incendiado” questionou o estadista prosseguindo. “Na ocasião (do lançamento da iniciativa) afirmámos que a iniciativa constituída, constituía um sonho de um projecto ambicioso com metas alcançáveis cujo sucesso dependia de todos os intervenientes. A implementação da iniciativa resultou até agora na inauguração de cinquenta e um edifícios. Estão ainda em construção vinte e três novas infra-estruturas. Portanto, podemos afirmar que a iniciativa permitiu disponibilizar setenta e quatro novos edifícios, sendo cinquenta e sete de tipologia I, seis de tipologia II e onze de tipologia III. Este número está acima da meta previamente definida, que correspondia a sessenta e quatro edifícios, o que nos permite afirmar que o balanço que fazemos é bastante positivo e ninguém conseguirá desconstruir estas realizações” aduziu o Presidente da República considerando que “com os novos edifícios ganhou vitalidade o sector da justiça no nosso país”. O Presidente da República destaca a capacidade de resposta que os tribunais judiciais vieram dar ao sector da administração da justiça. “O legado que deixamos simboliza não apenas a materialização bem-sucedida de uma iniciativa, mas acima de tudo a colaboração profícua entre os órgãos do Estado para o benefício do cidadão comum. Nós não ficámos em conflito entre o Executivo e o Judiciário, colaborámos para resolver os problemas do cidadão. A iniciativa tem vindo a contribuir para o aumento da capacidade de resposta dos tribunais judiciais, solucionando as inquietações mais profundas do nosso povo.” SENTIMENTO DE SATISFAÇÃO COM A ENTREGA DO TSR DE NAMPULA Relativamente ao novo edifício do Tribunal Superior de Recurso ora inaugurado, o mesmo vai simplificar inúmeros constrangimentos anteriormente enfrentados pelos utentes judiciais das províncias beneficiárias, nomeadamente, Nampula, Zambézia, Cabo Delgado e Niassa. “De acordo com a Lei da Organização Judiciária, os tribunais de recurso têm a função de julgar recursos vindos de instâncias inferiores. Este tribunal superior de recurso instalado na Cidade de Nampula, dada a sua localização geográfica vai julgar os recursos, para além dos provenientes de Nampula, dos tribunais judiciais das províncias da Zambézia, Niassa e Cabo Delgado, beneficiando parte significativa da população moçambicana da região norte. Durante vários anos, das decisões judiciais proferidas pelos tribunais judiciais das quatro províncias, os cidadãos só podiam recorrer para o Tribunal Supremo, localizado na Cidade de Maputo. As desvantagens decorrentes desta situação eram óbvias, a distância e os custos associados a demora para a resposta judicial. Foi preciso enfrentar caminho sinuoso até testemunharmos este momento de entrega deste edifício à população desta área. Por isso, é com sentimento de satisfação, mas também de muita gratidão que saudamos os representantes do poder judicial por nos ter ajudado a realizar este sonho comum: nosso/vosso sonho dos moçambicanos. Vós e muito em particular o Cofre dos Tribunais nunca perderam o foco e a fé. Vocês mostraram